As origens das expressões e
provérbios populares
A pressa é inimiga da perfeição
Quando
comentou a rapidez com que se redigia o Código Civil Brasileiro, o jurista Rui
Barbosa usou esta expressão.
“A união faz a força” que era uma
abreviação para um texto bíblico: ”É fácil quebrar uma vara, mas é difícil quebrar um feixe de varas”.
Acabar em pizza
Uma
das expressões mais usadas no meio político é “tudo acabou em pizza”, empregada
quando algo errado é julgado sem que ninguém seja punido (castigado). O termo
surgiu no futebol. Na década de
60, alguns cartolas palmeirenses reuniram-se para resolver alguns problemas e,
depois de 14 horas seguidas de brigas e discussões, estavam com muita fome.
Assim, todos foram a uma pizzaria, tomaram muito chope e pediram 18 pizzas
grandes. Depois disso, simplesmente esqueceram o assunto, foram para casa e a
paz reinou. Depois desse episódio, Milton Peruzzi, que trabalhava no jornal
Gazeta Esportiva (Desportiva),publicou a seguinte manchete: “Crise Do Palmeiras
Termina Em Pizza”. Daí em diante, a expressão pegou.
Andar à toa
”Toa”
vem do inglês ”tow”, que é a corda usada por um barco para rebocar outro maior.
Então, quando o barco menor está rebocando o navio, os marinheiros do navio
ficam sem fazer nada. À toa é algo feito sem esforço, algo sem importância. Os
portugueses, resolveram dar um sentido figurado a esse procedimento marítimo, e
já faziam isso desde o século XVII.
Nascida
na França e originada da perseguição contra os huguenotes, que resultou na
matança conhecida como a Noite de São Bartolomeu (em 24 de agosto de 1572). A
rainha Catarina de Médicis, esposa de Henrique II (rei da França), era muito
desconfiada e uma perseguidora implacável dos huguenotes. Para poder
escutar melhor as pessoas de quem mais suspeitava, mandou fazer uma rede com
furos, nos tetos do palácio real. Foi este sistema de espionagem que deu origem
a esta expressão muito famosa. Usada para avisar alguém sobre o que vai falar,
para não se comprometer.
É
originada dos jogos de baralho, no qual num momento do jogo ”botar
as cartas na mesa” é
revelar aos outros o que se tem nas mãos, abrir o jogo.
Significa
confiar na inocência de uma pessoa. Nasceu na Idade Média. Para provar sua
inocência, o acusado deveria caminhar alguns metros, na frente de um juiz e de
testemunhas, segurando uma barra de ferro em brasa nas mãos. As mãos eram
protegidas apenas por um pedaço de estopa envolvido em cera. Três dias depois,
a estopa era retirada. Se a mão estivesse sem nenhuma marca, o acusado era
considerado inocente. Se aparecesse uma queimadura, o sujeito era enforcado.
Significa
aqueles que recuam, humilhados ou amedrontados. Seu uso é bem antigo, pois
Francisco Manuel de Melo a mencionou em Feira de Anexins, de 1666.
Quem
não pode devorar uma saborosa comida, acaba comendo apenas com os olhos.
Atualmente, ”comer com os olhos” significa ter certa inveja. Mas na
Roma Antiga, uma cerimónia religiosa consistia num banquete em honra dos deuses
em que ninguém colocava as mãos na comida. Todos participavam da refeição
apenas olhando.
Deu
origem num costume bárbaro de tempos antigos. Os olhos eram considerados muito
valiosos. Então, governantes depostos, prisioneiros de guerra e outros tipos de
inimigos, tinham os seus olhos arrancados depois de um golpe ou batalha.
Os vencedores acreditavam que desse modo, os derrotados teriam poucas chances
de se vingar porque se tornariam inofensivos.
Dar de mão beijada
Entregar
algo a alguém sem nenhum pedido de retribuição. Diante dos papas, os reis e
nobres mais ricos primeiro beijavam a mão de Sua Santidade e em seguida, faziam
as suas ofertas, entregando à Igreja terras, palácios e outros bens. O primeiro
a utilizar a expressão foi o papa Paulo IV, num documento de 1555.
Jurar
ou negar de pés juntos é dizer algo com toda convicção. Já se falava assim em
Portugal no século XVI. Os pés juntos indicam posição de sentido, demonstram
respeito e obediência.
É
quando alguma coisa está muito boa ou merece admiração. Antigamente usava-se
muito chapéu, então a expressão era mais usada. Hoje em dia está em extinção
porque ninguém mais usa chapéu. Mas a expressão ainda permanece como forma de
homenagem e de reverência. O rei francês Luís XIV criou uma espécie de manual
de etiqueta sobre o uso do chapéu na sua corte, ordenando que o chapéu só
poderia ser retirado da cabeça para saudações em ocasiões especiais. Foram os
portugueses que trouxeram esta expressão para o Brasil.
Dia
determinado para a execução de uma certa tarefa ou para o início de uma dada
operação. Teve origem na Segunda Guerra Mundial, no famoso dia em que os
Aliados se preparavam para invadir a região da Normandia, ocupada pelos
alemães. Para manter o plano em sigilo, as forças aliadas registraram apenas o
dia como D e a hora como H. E foi daí que nasceram as duas expressões: Dia D e
Hora H.
O
Dia D foi 6 de Junho de 1944 e a Hora H foi às 6 da manhã. A operação de
invasão envolveu 3 milhões de soldados, 5.339 embarcações, 11 mil aviões e 15
mil tanques e veículos blindados. Morreram 80.295 soldados alemães, 34.417
soldados aliados e 12.850 civis franceses. Foi a operação militar mais espetacular
de todos os tempos.
A
expressão é muuuuito antiga. No Império Romano, nas festas, os convidados eram
obrigados a entrar no salão “dextro pede” (com o pé direito). Assim, evitariam
má sorte.
A
criação de ”Errare humanum est” é atribuída ao escritor latino Sêneca (4
a.C.-65 d.C.).
Provavelmente
nascida na Idade Média. ”Hip” viria de ”hep” (palavra formada pelas iniciais do
latim ”Hierosolyma est perdita”, cujo significado é ”Jerusalém caiu” ou
”Jerusalém está perdida”. ”Hurra”, por sua vez, viria de ”Hu-raj!” (exclamação
eslava que significa ”Para o paraíso!”. Se assim for, pode-se dizer que ”Hip,
Hip, Hurra!” literalmente quer dizer ”Jerusalém está perdida e estamos a
caminho do paraíso”.
No
sentido figurado, fazer de alguma coisa um “bicho-de-sete-cabeças” é exagerar
na dificuldade de realizá-la, o que pode acontecer por receio ou por mera falta
de disposição. Algo muito complicado, de extrema dificuldade para sua execução
ou entendimento.
‘Na
mitologia, era uma serpente descomunal, com inúmeras cabeças, que habitava
região pantanosa de Lerna, na antiga Grécia. Destruir o terrível monstro era um
dos 12 trabalhos de Hércules, o grande herói que se submetera à tarefa para recuperar a sua honra. A
cada cabeça cortada outras mais renasciam do corpo do monstro. Hércules
conseguiu cortar todas as cabeças e impedir que outras surgissem, cauterizando
(queimando) cada ponto com enormes tições tirados de uma floresta em chamas,
explica o professor Ari Riboldi. Para muitos autores, a serpente tinha sete
cabeças, o que veio a consagrar a expressão.
Você
lembra-se do aniversário de todos os amigos e nem precisa da agenda do telemóvel para ligar para o primo do interior?
Então você tem a memória de elefante. O elefante é um bom aprendiz e lembra de
tudo o que lhe é ensinado. Assimila e repete com facilidade inúmeros comandos,
afirma o professor Ari Riboldi.
Assim,
costuma-se dizer que uma pessoa que, prontamente, se lembra de tudo possui
memória de elefante. Nada a ver com o tamanho do animal, mas sim com sua
capacidade de repetir ordens e comandos.
Quem
está com minhocas na cabeça, está se preocupando à toa. Mas o que esse bichinho
tem a ver com os seus problemas? Segundo o professor Ari Riboldi, a expressão é
uma metáfora do que as minhocas fazem na terra. A sua presença num terreno
representa a certeza de fertilidade do solo. Elas transformam os vegetais em
húmus e, pela sua ação perfuradora, facilitam a passagem e infiltração da água, afirma.
As
indesejáveis são as minhocas da nossa cabeça, preocupações inúteis, mas que
podem nos tirar o sono. Para nos livrarmos delas, somente tirando-as de lá, ou
seja, literalmente extraindo-as desse solo impróprio, compara. A expressão
retrata a ação das minhocas perfurando o solo.
Você
é o rei da piada sem graça, uma mala sem alça, grosseiro ou estraga prazeres? É
aquele que interfere, geralmente, no sentido de criar embaraços ou de agravar
situações que já são difíceis? Pois você tem o espírito de porco. ‘A origem vem
da má fama do porco, embora injusta, sempre associado à falta de higiene, à
sujeira e, inclusive, à impureza, ao pecado e ao demónio, conforme alusões
feitas no texto bíblico do Antigo e do Novo Testamento’, explica Ari Riboldi.
No
período da escravidão, a má fama do porco foi reforçada. Nenhum dos escravos
queria ter a tarefa de matar os porcos nas fazendas, o que faziam muito a
contragosto. A morte era dolorosa: uma facada profunda em direção ao coração,
sangue jorrando e gritos do animal, aos poucos, esvaindo-se até morrer. Entre
os escravos, havia a crença de que o espírito do porco ficava no corpo de quem
o matava e o atormentava pelo resto de seus dias. Nesse caso, o matador dos
porcos ficava para sempre possuído pelo espírito deles, conta Riboldi.
Em
algumas culturas, por influência da religião, acredita-se que certas palavras,
como demónio, diabo, satã, são portadoras de má sorte. Fazem parte dos tabus
linguísticos e devem, portanto, ser evitadas. A simples pronúncia poderia
trazer mau agouro, atrair a ira de um deus ou de entidade sobrenatural. O povo,
na sua sabedoria, faz uso de outros vocábulos, uma espécie de eufemismo,
comenta o professor Ari Riboldi.
No
Nordeste brasileiro, por exemplo, o capeta é substituído pelo termo cão. Estar
com o cão é ter o diabo no corpo. Nessa região, é comum ouvir-se a expressão
‘cão chupando manga’ como sinônimo de algo muito feio, ou seja, como se fosse
ver o próprio capeta chupando manga e fazendo caretas. Em outras regiões, o
diabo é substituído pelo macaco ou pela sua fêmea. Logo, ‘estar com a macaca’
também é estar endiabrado, ser possuído pelo coisa-ruim, enfim, estar
endemoniado.
Lobo
em pele de cordeiro é o indivíduo que finge ser inocente e inofensivo – como se
fosse um cordeiro, o filhotinho do carneiro – para se aproveitar e tirar
vantagem dos desavisados, portando-se, então, como um lobo voraz e traiçoeiro. A
expressão teria vindo de uma lenda da Grécia Antiga. De acordo com essa lenda,
um lobo entrou num rebanho de ovelhas disfarçado, envolto numa pele de lã. Lá,
saciou a sua fome, devorando várias ovelhas indefesas, conta o professor Ari
Riboldi.
Quem
nunca se sentiu enganado por aquela oferta generosa e descobriu que, na
verdade, comprou gato por lebre? Dizem alguns historiadores que, em tempo de
guerra e de carestia, muitas pessoas conseguiam vender gatos no lugar de
lebres, como carne para alimento, dada a semelhança entre ambos após lhes
tirarem a pele.
‘De
tamanho e corpo parecidos, os velhacos deixavam a carne de gato na água e
temperada, o que disfarçava o seu cheiro e conseguiam passá-la adiante como se
fosse lebre’, explica o professor Ari Riboldi.
Pode
ir tirando seu cavalinho da chuva porque não vou deixar você sair hoje! No século XIX, quando uma visita iria ser breve, ela deixava o
cavalo ao relento em frente à casa do anfitrião e se fosse demorar, colocava o
cavalo nos fundos da casa, num lugar protegido da chuva e do sol. Contudo, o
convidado só poderia pôr o animal protegido da chuva se o anfitrião percebesse
que a visita estava boa e dissesse: “pode tirar o cavalo da chuva”. Depois
disso, a expressão passou a significar a desistência de alguma coisa.
A
expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde tropeiros que escoavam a
produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à Sudeste sobre
burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses burros, devido à falta de
estradas adequadas, passavam por caminhos muito difíceis e regiões alagadas,
onde os burros morriam afogados. Daí em diante o termo passou a ser usado pra
se referir a alguém que faz um grande esforço pra conseguir algum feito e não
consegue ter sucesso naquilo.
A expressão inglesa “OK” (okay), que é mundialmente conhecida pra significar algo que está tudo bem, teve sua origem na Guerra da Secessão, no EUA. durante a guerra, quando os soldados voltavam para as bases sem nenhuma morte entre a tropa, escreviam numa placa “0 Killed” (nenhum morto), expressando sua grande satisfação, daí surgiu o termo “OK”.
Um
de seus primeiros registros literário foi feito pelo escritor latino Ovídio (43
a.C.-18 d.C), autor de célebres livros como A arte de amar e Metamorfoses, que
foi exilado sem que soubesse o motivo. Escreveu o poeta: “A água mole cava a
pedra dura”. É tradição das culturas dos países em que a escrita não é muito
difundida formar rimas nesse tipo de frase pra que sua memorização seja
facilitada. Foi o que fizeram com o provérbio, portugueses e brasileiros.
Estômago de avestruz: Aquele que come qualquer coisa. O estômago do avestruz é dotado de um poderoso suco gástrico que é capaz de dissolver até metais.
Lágrimas de crocodilo: É uma expressão bastante usada para se
referir a choro fingido. O crocodilo, quando ingere um alimento, faz forte
pressão contra o céu da boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, ele
"chora" enquanto devora uma vítima.
Olhos de lince: Os filhotes só abrem os olhos com dez
dias de vida. Em compensação, quando crescem, os linces têm uma visão apurada.
Os povos mais antigos acreditam que esses animais conseguiam enxergar através
das paredes. Ter olhos de lince significa enxergar longe.
Quem fala de
mais, dá bom dia a cavalo: Algumas pessoas conversam tudo da própria vida
se arrependendo depois.